Pesquisa: Perfil do Usuário de Crack

O crack tem ocupado as páginas de jornais e noticiários televisivos que mencionam que esta droga estaria se transformando em uma epidemia em nosso país, com o aparecimento de “cracolândias” (locais “públicos” ou “semi-públicos” com grande aglomeração de pessoas para o uso do crack) nas grandes metrópoles ou mesmo em municípios de menor porte.

Diante do clamor público por respostas sobre o tema, a Presidência da República publicou o Decreto nº 7.179/2010, instituindo o Plano de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas e, como parte deste plano, pensou-se na necessidade de um amplo estudo científico que pudesse estimar a magnitude e o perfil da população usuária de crack e outras formas de cocaína fumada (pasta base, merla e “oxi”) no país. Tal estudo serviria de base para a tomada de decisões políticas no que diz respeito às ações de prevenção, tratamento e combate ao uso do crack.

A Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) convidou a Fiocruz para realizar este estudo, através do grupo de pesquisa sobre drogas do Lis/Icict, sob coordenação do pesquisador Francisco Inacio Bastos. O estudo “Perfil dos usuários de crack nas 26 capitais, DF, 9 regiões metropolitanas e Brasil” se subdividiu em dois componentes principais:

1. Inquérito epidemiológico (2011 e 2012) – descreve o perfil dos usuários em relação a suas características sociodemográficas e comportamentais. Para tal entrevistou uma amostra representativa dos usuários de crack/similares brasileiros (cerca de 7 mil usuários) que consomem drogas em cenas públicas no país;

2. Inquérito domiciliar (2012) – estima o número de usuários nas 26 capitais e Distrito Federal. Nesta etapa, trabalhou-se com a rede social dos usuários, sendo entrevistadas cerca de 25.000 pessoas residentes nas capitais do país, que compuseram uma amostra representativa das capitais do Brasil.

Para a realização deste estudo, foi composta uma equipe de cerca de 800 pessoas para a coleta de dados.

Visando atuar não apenas em pesquisa, como também na prevenção ao consumo de drogas, se possível antes que se instalem formas graves de abuso/dependência, o mesmo grupo de pesquisa realiza atualmente um projeto de prevenção ao uso de drogas nas escolas públicas do país.

A Senad, em parceria com a Mauricio de Sousa Produções, criou um material inédito com a Turma da Mônica, Turma da Tina e Turma da Mônica Jovem, de modo a subsidiar as ações de prevenção do uso de drogas com crianças e jovens no ambiente escolar. Estes materiais compõem o projeto Diga Sim à Vida.

O Icict foi convidado para ser o responsável pela avaliação da aplicação deste material nas escolas, avaliando se, de fato o uso de tais instrumentos contribui para que os alunos adotem comportamentos ditos “protetores” frente ao consumo da droga, ou seja, trabalhar com o conceito amplo de cidadania e responsabilidade social, estimulando-os a adotar hábitos de vida mais saudáveis, sendo abordados temas que estimulem a valorização da vida, incluindo ainda alternativas sadias em substituição ao apelo das drogas. Ao longo de 2013 este estudo será desenvolvido, juntamente com as análises oriundas do inquérito nacional do crack.